Portugal reforça aposta nos semicondutores com dois projetos estratégicos e apoio de 6,4 M€

30.Dez.2025

A Agência Nacional de Inovação (ANI) reforçou o posicionamento de Portugal no setor da microeletrónica, ao assegurar a operacionalização de dois projetos estratégicos liderados a nível nacional pelo Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) e pelo Instituto de Telecomunicações (IT), com um apoio de 6,4 milhões de euros.

 Esta iniciativa é um passo decisivo na execução da Estratégia Nacional para os Semicondutores, consolidando a capacidade do país em responder aos mais exigentes desafios tecnológicos globais. O apoio de 6,4 milhões de euros visa assegurar o cofinanciamento nacional da participação portuguesa em projetos europeus aprovados no âmbito da Parceria Europeia Chips Joint Undertaking (CHIPS JU), instrumento central do European Chips Act.

Os projetos agora apoiados inserem-se no Pilar 1 – Iniciativa para os Circuitos Integrados para a Europa, com foco no desenvolvimento de linhas piloto, plataformas de design avançado, integração e packaging de chips, áreas críticas para o reforço da autonomia estratégica europeia e para a consolidação da posição de Portugal na cadeia de valor dos semicondutores.

“Este financiamento materializa o compromisso de Portugal com a Estratégia Nacional para os Semicondutores e com o European Chips Act, assegurando que o país participa ativamente em projetos europeus de elevada ambição tecnológica. Ao apoiar o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia e o Instituto de Telecomunicações, estamos a reforçar capacidades científicas e infraestruturas críticas que posicionam Portugal como um parceiro relevante na cadeia de valor europeia dos semicondutores, com impacto direto na inovação, na competitividade e na autonomia estratégica da Europa”, afirma António Grilo, Presidente da Agência Nacional de Inovação.

O financiamento atribuído ao INL suporta a participação no projeto europeu relativo à Linha Piloto focado em packging avançado e integração heterogénea de componentes eletrónicos, reforçando as infraestruturas e competências nacionais em áreas críticas da microeletrónica.

A APECS, linha piloto de encapsulamento avançado e integração heterogénea de componentes e sistemas eletrónicos, é uma iniciativa instituída pelo Chips Act da União Europeia, reunindo dez parceiros sob a liderança da Fraunhofer Society for the Advancement of Applied Research (FhG GmbH, Alemanha), entre os quais o INL. A APECS presta serviços e formação para apoiar as empresas a integrar e encapsular chiplets em novos sistemas eletrónicos, reforçando assim as capacidades europeias em encapsulamento avançado”, refere Clívia Sotomayor Torres, Diretora – Geral do INL.

A Diretora-Geral do INL precisa que “o projeto visa reduzir a dependência de cadeias de abastecimento globais e reforçar a soberania tecnológica”.

“No INL estão a ser investidos cerca de 19 milhões de euros, aproximadamente metade proveniente de fundos nacionais e metade de programas europeus, para expandir a capacidade em integração de chiplets e encapsulamento avançado, em consonância com a estratégia portuguesa para os semicondutores. Iniciativas complementares, como a POEMS, o centro de competências português para os semicondutores, são cruciais para conectar as empresas às linhas piloto e para reforçar o papel de Portugal no ecossistema europeu de semicondutores”, reforça Clívia Sotomayor Torres.

Já no caso do Instituto de Telecomunicações, o apoio nacional assegura a participação portuguesa no consórcio europeu da Linha Piloto dedicada ao desenvolvimento de circuitos fotónicos integrados avançados, com impacto direto na capacitação científica, tecnológica e industrial do país.

“O projeto PIXEurope reúne institutos de investigação de referência para implementar a primeira linha piloto completa e de acesso aberto, fundamental para reforçar a soberania tecnológica europeia na área dos circuitos óticos integrados, permitindo a fabricação em larga escala de circuitos óticos integrados para comunicações, sensores e computação avançada”, afirma José Carlos Pedro, Presidente do Instituto das Telecomunicações.

“O PIXEurope Português, apoiado pela CHIPS JU e pela ANI, posiciona o Instituto de Telecomunicações, a Zona Centro e Portugal nesta rede, promovendo o apoio a start-ups nacionais e europeias no domínio da prototipagem e testes de circuitos óticos integrados, contribuindo para a afirmação de Portugal nesta área-chave da tecnologia”, sublinha.

Com este investimento, a ANI reforça o seu papel no apoio à participação do ecossistema nacional de I&I no Programa Horizonte Europa, enquanto uma das entidades responsável pela operacionalização da Estratégia Nacional para os Semicondutores, promovendo a articulação entre financiamento europeu e nacional, o fortalecimento do ecossistema científico e tecnológico e a criação de condições para o crescimento sustentado de um setor considerado crítico para a competitividade da economia portuguesa e para a soberania tecnológica da Europa.

Partilhar

Artigos Relacionados